12.9.14

A carta



Dona Vera ouviu  da janela
 Mais alguns devaneios
O  ruído de cadeiras batendo ao chão
Fumaça,
Cheiro do café
Impaciência nos passos
E a voz
- Pedro, vou escrever uma carta.

                                                                                   *   *  *
Níteroi, 04 de setembro de 2014
Oi, feia!

       Quanto tempo desde o último devaneio sentimental que escrevi. Não levando em consideração os e-mails ou mensagens, mas, da coisa viva. Da letra torta sobre o papel meio amassado, sujo de café.
 Lembra da minha primeira cartinha? 

Com versos plagiados das músicas que escutava, aleatoriamente, no rádio do ônibus. Eu ainda sou brega e isso não é o problema.
 Eu te escrevo porque - de fato isso não faz sentido - Além da minha imensa vontade de te escrever. Só quero deslizar minhas mãos sobre este papel,  abafar os ouvidos com os fones e ouvir minha playlist.
Você imagina?
Qual música alguém escutaria, e teria  uma trilha sonora de pensa em você?

 Será que ela daria replay e continuaria pensando?
E se esse momento fosse um grande replay?
E se nossa vida inteira fosse um reprise? Digo, chegar ao final dela com a certeza de que a mesma música começaria outra vez.
Você se orgulharia da pessoa que foi? Ou de quem encontrou no caminho?
Se acalentaria balançando o corpo na leve melodia que insiste em tocar?
Um dia procurei no dicionário dos símbolos o que era o amor, por achar que coisa tão abstrata merecia de explicações igualmente abstratas. Algumas vezes procurei explicações sobre você. Mas, a música ainda tocara, fechei os olhos balançando o corpo ao compasso da melodia.
Nada disso precisa de sentido ou explicação, além, do fato de ter sido bom. Ter tido essa vida foi boa, do começo ao fim. Eu sou tão feliz que dizer isso parece presunçoso ou uma farsa.
 Por que a felicidade tem que ser escondida? Por que, as vezes, ela parece falta de educação?
Será que a felicidade realmente tem que ser trancafiada, por causa do medo da   Miséria que rodei?

 Esta, à espreita, e que em qualquer deslize, te lança um golpe fatal desnudando da alma a felicidade . Mal sabem, que roubar a felicidade de alguém não as tornam felizes.
 Eu te desejo muitas coisas, uma vida boa, amor e ate riquezas. Mesmo sabendo que você só precisa, realmente, de um deles, seja la o que fizer.
 Sorte!
 Karine Maia

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