21.1.15

Corpo é templo.

Não há porque rechaçar meu corpo, teu corpo, qualquer corpo. Porque todo corpo é sagrado para ser florido e adornado como queira. Corpo é sagrado e deve ser respeitado, respeitado para ser nu ou coberto, para ser modificado ou não. Corpo é templo e deve ser amado. Nada que meu corpo produz pode ser renegado ou julgado, porque meu corpo é perfeito e é templo, e templo é lugar sagrado.

Corpo universo potencial
universo o que pensarmos
sagrado será

divino
porque profano
tocante
porque humano
mistério
porque lindo

perece ao tempoPARECEOTEMPO
parece a artePERECEÀARTE
, vidamundo.VIRATUDO

Corpo lugar mágico, fantasia


20.1.15


Ela era uma ventania densa de chuva de verão. Arrastava do chão: a folha, o pó, o vestido da moça que protegia o nu das coxas com as mãos entre as pernas. Era cinza e crua, gritava descarregando na terra luz e o barulho
Queria que todos soubessem que ela estava ali. 
Queria deixar sua marca na árvore, o fogo no pasto.


Respirei o cheiro de terra recém molhada.
                                                        Uma a uma,  
                                                                              g
                                                                                      o
                                                                                           t         a
                                                                                               a               o
                                                                                                              g     t
                                                                                                                           a
, dissolvia-se na terra.

A chuva costumava vir com ela, lavar o chão o rosto e a alma.  Talvez fosse  viciada em fazer chover,  para sempre, sempre renovar.

   

18.1.15

Domingo






Juntei suas roupas em um saco preto


- Já é tarde eu não quero mais. Pegue suas coisas e vá.

Me olhou sóbria, abriu o saco e o virou na mesa

- Nenhuma dessas roupas são minhas

- Vou passar um café, você pode ficar para o jantar ou quem sabe dormir aqui. Tem creme de ricota para o café da manhã, aquele que você adora. Acho que seria uma ótima ideia fazermos um almoço de domingo e eu deitar na sua barriga enquanto assistimos TV

Sinuosx



Sinuoso é todo caminho
todo abraço, todo encosto.
Sinuoso 
é meu corpo
seu corpo 
todo corpo

Sinuosas são as minhas estampas,
meus carinhos, meus bordões.

Toda curva, e toda cor, 
é um corpo
templo-mãe
das minhas paixões.

11.1.15

sobre amores, caminhos e vida (?)

Sobre amores não vividos, caminhos não traçados e vida não vivida. 

 Por que é que a gente complica tanto as coisas? Por que a gente sempre está atrás da felicidade quando na verdade ela está atrás da gente o tempo todo? Por que a gente não percebe que a felicidade vive no sorvete do fim de tarde, do vento batendo no rosto no passeio de bicicleta, no ar que a gente respira e nem percebe que respira. Por que? Por que? Por que a gente faz tantos planos pra correr mas só consegue andar poucos quilômetros? Por que a gente não coloca o tênis próprio pra correr? Por que ficar só na vontade? Por que os amores tem que ser impossíveis? Por que a gente não pode conhecer o grande amor da nossa vida no tinder? Por que a gente não pode dizer que ama na primeira semana?

Por que a gente se bloqueia tanto e faz muros altos pra coisa que todos querem receber e sentir? Por que a gente faz isso com a gente? 
Por que ter tanto medo de viver? Pra que ter tanto medo de viver? 
Por que a gente não entende que a vida acaba? 
Por que - Porque - Por quê - Porquê 
a luz do sol dói os olhos 
o vento pode ser gelado 

viver é o maior risco da vida.

8.1.15

xxxholic otaku desune

voltar às origens
também é escape do mundo presente

reler reler reler
 sempre é
sempre
passadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressentepassadopresentefuturopressente (de novo)

chave contemporânea
um2tiposdesresposta

respondo:

tradução: clampproject.net

Ser-todos-nós-só

" o outro                                             
 que há em mim                         
 é você                                          
 você                                  
 e você                                       

assim como                                    
 eu estou em você                            
 eu estou nele                                  
 em nós                                            
 e só quando                                 
 estamos em nós                           
 estamos em paz                           
 mesmo que estejamos a sós"       











Essa sala
Minha sala, individual e pouco própria.
sem sofá azul,
vazia.

Meus pequenos-verões não viram minha sala,
as cadeiras, os talheres.
Quanto há de egoísmo em mim em não mostrá-la
para meus pequenos-verões resplandecentes?







Meu sofá talvez seja como o seu, 
como o da Vera, como o do Pedro.
Karine. Jeane. Rayanna.

Talvez todos, dentro e fora, 
tenhamos um sofá 
E então, porque Deus, será tão Difícil! 
todos nos sentarmos, realmente juntos,

de imediato, 

percebermos que todos estamos na mesma sala;





Oh, Acaso,
vem essa manhã
me molha com suas lágrimas,

continua chovendo em mim
essa gente,
essa poesia,
essas casas.

choro pensando no sofá
poder ser é uma questão essencial
e rara,
que ocorre
       certas
            manhãs.






Desejo, no auge de todo o meu amor-pedra, amar mais devagarinho e com palavras mansas meus verões. Queria chamá-los para minha sala, para meu café forte e amargo, e quando o sol já estiver subindo, mostrar meus bichinhos tão assustados e mansos.

É preciso, com urgência, que eles vejam meus lírios, e como eu permaneço deixando as flores secas decorando o lugar. Como guardei o incenso roubado, e como as paredes são decoradas com seus olhares distraídos.




Fazendo almoço, 
atravessando a rua, 
indo buscar mais uma cerveja. 
me comovendo secretamente por existirem.

Eu queria,
do auge de toda força matriz,
protagonizar um chá da tarde,
me fazer nua, como a vida-sala,
não só existir por cartões de visita.
Ser-Habitada.






6.1.15

infanciaeloucura







hoje vi numa dessas revistas da verdade que vida é movimento, vida é barulho portanto, diziam, não perturbem as crianças, dizia, não perturbe as crianças com esse fique quieto, ser humano em construção




"As crianças enlouquecem em coisas de poesia.
Escutai um instante como ficam presas
no alto desse grito, como a eternidade as acolhe
enquanto gritam e gritam
(...)
- E nada mais somos do que o Poema onde as crianças se distanciam loucamente."











ouço as crianças do pátio do prédio
prematura classe média, sim, exposta já ao grande produto social moderno


























gritam e gritam mas, não sei, o eco refletido na parede traz um tipo de
um tipo de paz,
um tempo o mesmo








"Trata-se do excerto de uma poesia. Gosta de poesia? Sabe o que é poesia? Tem medo da poesia? Tem o demoníaco júbilo da poesia?"








se vida é movimento é barulho é riscar pontos com traços
mais parece que ficamos parados nós da cidade
mais parece perdemos o senso
(chicote não é bússula também dizia revista)
mais parece burrice tamanha ser humano






lembra que parede também é ouvido
também ouvem portanto


"Pois veja. É também um estilo. O poeta não morre da poesia. É o estilo"














"Está a ouvir como essas enormes crianças gritam e gritam, entrando na eternidade? Note: somos o Poema onde elas se distanciam. Como? Loucamente. Quem suportaria esses gritos magníficos? Mas o poeta faz o estilo."



descansa.
























HELDER, Herberto. "Estilo" in: Os passos em volta. 11ª edição.
Lisboa: Assírio & Alvim, 2013.



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