31.12.15

Como escrever poesia?



Há algumas estruturas, talvez sonetos, estrofes
Eu não sei, minha mente viaja inquieta nas aulas de literatura
Imagens que se deslizam como notas de musica
E tudo se colore de sons enquanto rezo para que essa seja a forma certa de se entender o mundo
É preciso passar nos testes
Era  manhã de verão, alguns anos já haviam passado, corria para pegar a barca das 8
Já não preciso mais aprender sobre literatura mas os testes ainda estavam aqui.

A porta da sala de aula emperrada e o meu terrível jeito estapafúrdio de resolver problemas

- Me desculpem pelo barulho e sorri
- Você esta atrasada. Não pode mais fazer a prova.
Olhei para o celular e não vi as horas mas uma mensagem.
- Tudo bem -  respondi indo embora sem importar

Era noite quando outra mensagem chegou e outra enquanto era cinza e a chuva respingava do céu. Era pôr do sol parada no sinal vermelho checando se havia mais alguma mensagem. Fazia sol e eu me maquiava para ir a um casamento olho o celular para ver as horas mas não há mensagens e eu nem sei que horas são. Era noite, sento na cama meio bêbada, sorrindo lia as palavras em forma de som e imagem. A conversa era de dentro pra fora tão estapafúrdia quanto eu e rezo para que essa seja a forma certa. Ela desabrochava nas fases da vida em outro canto da cidade , a entendia porque desabrochava também.

Nosso encontro foi em um jogo de sorte. Esses que você aposta em um número e roda a alavanca esperando que as combinações sejam as suas. Os algoritmos calculam a posição, preferências, a interface projeta cores e cores de um sentimento doido de proximidade distante.  
Não sei seu sobrenome, nem que perfume te veste. Talvez sentada no sofá, talvez correndo para não se atrasar, ou em uma lanchonete que jamais entrei, ela abrindo minhas mensagens e sorrindo em uma curiosidade que sempre a faz voltar.

Ela também não sabe o tom da minha pele. Me inclino pra frente e levanto a mão lançando minha projeção no espaço. Ela captura meu gesto e o celular vibra.  
Era um pedido para o ano que teima em entrar. Seja onde estiver te desejo a mesma sorte








28.12.15

O gato

Foi assim que pulei do 1004 para o 1003 de outro prédio. Um passo atrás, desconfiado, a espreita, os movimentos milimetricamente pensados. O gato preto também era um recém chegado em uma promessa de tempos melhores. Ele vem se esfregando na minha perna e eu me esquivo porque nunca soube lidar com pedidos de atenção.

O jovem felino caminha pela casa reconhecendo o espaço e seus limites. Somos dois opostos da mesma moeda, atento, a observar. Prendi uma bola de papel a um pedaço de barbante e amarrei na porta. Fiz um barulho com a mão, balancei o barbante e a bola sinalizando. A brincadeira era intensa, ele batia com as patas na bola que vem e vai desgovernada, eu sentada na cozinha a observar.

Sempre a observar, calculadamente os movimentos do que parece acasos presos em barbantes - Jovens! exclamei em voz alta  e as certezas eram levadas com a água poluída do mar.  A minha caminhada também era intensa, todas as noites na mesma praia, desviando dos objetos trazido pela correnteza da Baia de Guanabara. Onde está o outro ser apático, exclamando ironicamente enquanto brinco com as peças que ele colocou no meu caminho? Em que pedra, em que montanha, em que deserto irei encontra-lo? Será que ele também se esquiva de mim enquanto me acalento procurando abrigo?

Eu queria dize-lo em uma discussão sem fim que está tão perdido quanto eu. Ele grita "herege" e eu cai de joelhos no chão de taco com os olhos cheio de lagrimas.  - Não, gato! Você não pode entrar no meu quarto. O gato parece não entender. Estendo a mão para toca-lo, eu nem sabia que gato lacrimejava. Será que ta doente? O que ele quer me dizer? O levantei na altura da cabeça e nos encaramos, olho a olho, tão vazio quanto os meus. Ele também estava perdido  

Caminhei para fora do quarto e o coloquei no corredor, depois fechei a porta. Em um lapso de consciência da minha posição privilegiada voltei a abri-la, para ver se estava tudo bem. O gato permanecia no mesmo lugar, sentado, distraído com os vazios da casa. Tornei a fechar a porta. Meu quarto também estava vazio: era eu, uma escrivania, uma cadeira dessas que só podem ter sido criadas para girar, e um colchão.  Pensei que talvez tivesse que mobiliar. "- Bobagem!"   me saltou a cabeça, passei 3 anos da minha vida no apartamento compartilhado, tendo apenas a quantidade de objetos que cabiam no meu velho siena prata.

Quantos vazios me distraíram esse tempo todo? Só pode ser a crise dos 30 anos que chegou precoce, se esfrega no cansaço das minhas pernas. - Não há cansaço, não é velhice, você só tem 20 e poucos anos,  respondeu um senhor que ouvia os meus resmungos em voz alta.
- O senhor tem medo? O perguntei
-De que?
-Do tempo?
- Um dia me olhei no espelho e nossa, não sei como nem quando fiquei tão feio.
- Acha que teve uma boa vida? Digo, que fez as escolhas certas?
- E quem vai saber a resposta para essa pergunta? Bobagem!

Entrei no carro, fechei a porta, exitei a liga-lo por alguns segundos. De uma forma misteriosa eu sabia  que essa era a última vez que iria fugir.O último vazio compartilhado com outros vazios e casa se enche de retalho de moveis que não são seus, mas que se misturam com os objetos que trouxe de outro lugar. No final era só uma falsa sensação de segurança e  lar.  Um lugar de passagem, o patético e divertido rito da faculdade  até se está preparado para fincar raízes mais profundas.

-Gato? Gato? Cadê você?

Procurei por toda a casa até acha-lo embaixo do fogão. - Você ta aqui, pequeno. Vem, vamos brincar enquanto ainda estou aqui também...  




19.12.15

Era tarde
Eu já havia chorado
Era tarde para acreditar outra vez
Já havia ido embora
Eram pessoas 
Pessoas tarde
Chorado, rido passos e passos
Embora 
Existiram sempre embora 
Embora eu estivesse aqui
já não estava

A casa se esvaziando aos poucos e a terrível vontade de viver 
mais e mais
outra vez
outras historias 

Encontros, gosto dessa ideia. Destino longe do sentido mais pragmática de caminhos construídos muito antes da concepção, as celulas só foram - fizeram a parte dela - se dividindo e seguiram o que vibravam ser. Não há limites porque nunca houve estradas, o asfalto liso e a marcação no chão. Construção de imposições, Placas alertam, limite, pare, 150 km, cem e cinquenta, dessa vez é tudo ou nada. O que é perigoso? O que é seguro?

Eu a vi sentada
A senti
Eu os vi
Eu a vi
Vibramos, o que já era pra ser 
Eu, vocês....
Em um segundo de eternidade

 Eram tempos difíceis, a falta de fé nos desanimava a cada encruzilhada, o país estava em guerra, estávamos em guerra também. Os sambas foram para as ruas; em danças embriagada, outras que só poderiam ter saído da alma, todos estavam lá. Eu, só, a observar, eram gritos de dentro pra fora de fora pra dentro
 - ou você se leva ou eles te levavam
- Onde estão indo? Embora eu perguntasse sem nenhuma imposição, as reações para o meu eco eram de doer – as caras enrugadas seguiam as suas lindas miragem, delírios sintomáticos de quem morre de fome. Levei a mão ao peito e segurei o colar de pedra lunar, um único sinal: ainda acredito na leveza do amor, das trocas, carrego pedaços de todos que me presentearam com o que mais honesto pode existir: O amor sem a predestinação das imposições, não há dor. Seguimos vibrando o que é, na forma mais pura, o meu corpo assuma a postura, o jeito único de caminhar, só é.
Eu ainda acredito
Há amor por ai
Muito dele


15.12.15


36 minutos depois



9.12.15

PARABÉNS PRA VOCÊ

A Vera bateu hoje na porta dizendo que estava com saudades daquela menina que estava sempre aqui, mas deixou de vir faz pouco.

- A vida desencontra, mas hoje é aniversário dela, sabia?

Mais tarde a porta bate novamente. Era dona Vera com seu pendrive. Nele o seguinte gif:


Parabéns Jeanne! ( ̄▽ ̄)/♫•*¨*•.¸¸♪ ♫•*¨*•.¸¸♪ ♫•*¨*•.¸¸♪ ♫•*¨*•.¸¸♪ •.¸¸♪ •.¸¸♪ ¸♪

4.12.15

00ou22

16 e 20 de março
Copacabana e Rio Branco

Uns vídeos de youtube depois, o resultado:


nossa resenha do dia 16: https://medium.com/zero-ou-22/se-deixar-esse-menino-na-escola-ele-s%C3%B3-aprende-marxismo-3f783d1abc0f#.ozx8uhdya
nossa resenha do dia 20: https://medium.com/zero-ou-22/tons-de-vermelho-53308520f5#.cxbzbd5fr

a marcha da história


a marcha da história sempre vem e



vai
marcha a história sempre indo
sempre



vindo a
marcha da história
sempresempre
vai



vem
vai
a marcha
à marcha



ouça:
avante:



anarriê.