29.12.14

Post Mágico


"O universo conspira em nosso desfavor
trama redes, tece sonhos e
apesar do feito
finda sem mais querer
o que planejávamos
dizer"


A rede, dessa vez de pano, estendida na varanda 
Dez anos depois
E também, metade de uma vida inteira
Os amigos ainda eram os mesmos da escola

Tudo parece igual porém sóbrio 
Lembro de estar exatamente nesse lugar olhar para o alto e pensar

"- será?"



Apesar dos desfavores e desse universo patético 
Estar aqui outra vez 
Dez demasiados anos de clarão 
O sentimento "Eu entendi" que só a experiência desses anos puderam me dar
Meus mais sinceros: -Obrigada!

Das águas azuis da incrível Maceió:


Que post seja um portal mágico de energias

Feche os olhos e abra a mente, 
Mire o futuro próximo

Agora raspe aqui ==> Siga a caminhar, terás sorte, muita sorte. O que tu desejas, terás. 

Quantos aos conselhos:

1 - Brilhem, mesmo que todos os seus amigos estejam a margem torcendo para o seu celular cair na água

2 - Viagem nas suas viagens e se for pra viajar na viagem de alguém que sejam viagens felizes 

3 - Surte coletivamente, afinal, viver  também não passa de um surto coletivo


 por último, 

Que os bons olhos te vejam e os maus sejam cegos
(Esse quadro estava na sala de uma das casas que fui convidada para uma social)

27.12.14

Metáfora


Eu sempre gostei dos dias chuvosos e frios. Sempre. Eu amava acordar ouvindo o barulho da chuva. Pra mim, o sol e aquele calor nunca fizeram falta. Os dias com o céu azul e o vento batendo no rosto também não. Mas aí, foi olhando pro céu num desses dias quentes de verão que eu vi o passarinho mais lindo de todos voando. E por um momento eu esqueci do que eu gostava e passei a amar olhar pro céu claro com os olhos ardendo só pra ver o passarinho voar. E parece que o passarinho lá do alto também gostava de voar só pra me impressionar e depois vir caindo bem levemente até se aproximar de mim. Eu, sem muito saber o que fazer, quase que num ato instintivo, ofereci meu dedo, mesmo com medo de ser machucada, de machucar, de não saber segurar o passarinho ou sei lá. Medo só de estar ali nos dias ensolarados. Não sabia o que dar pro passarinho comer, como cuidar, como me acostumar com os tais dias ensolarados. Passei a ter medo dos dias de chuva por ter medo do passarinho voar. Passei a gostar dele pousado no meu dedo e isso aos poucos foi se tornando motivo de alegria pra mim. Era gostoso estar nas tardes quentes, sempre no mesmo horário, vendo o passarinho alçar os mais belos voos e depois vir se aconchegar em mim.
Talvez essa seja a definição de amor mais pura que eu consiga dar. Um passarinho pousado no meu dedo num dia ensolarado. E todo o medo, e toda a dor, e toda a vontade dos dias nublados e chuvosos foram embora quando o passarinho pousou e ficou no meu dedo.
Talvez o passarinho voe no inverno. Talvez ele queira ficar comigo. Talvez a gente construa um ninho. Talvez os dias frios e cinzas cheguem. Talvez o meu dedo não seja o melhor nem o mais preparado pro pouso, mas ter o passarinho por perto faz tudo valer a pena.
O amor é um passarinho pousado no meu dedo. É isso.

26.12.14

Nesses tempos de logos de shoppings como estrelas-guias em pinheiros tropicais só nos resta escrever. Baforar fumaça de um cigarro ruim, esperar, escrever. Esperar.

Conto-lhes a história de um homem sem jeito. Não tinha nome, não tinha ideia. Sequer tento descrevê-lo, poupo quem lê a estranha visão.

Eis o homem sem jeito. Sentava-se em banco de praça fugido da realidade doméstica. Tinha mulher, sim, cachorro e geladeira. Tinha café à mesa e restos do almoço de sábado. Tinha carteira assinada; não tinha era ideia, não tinha era jeito.

Portanto ao banco da praça que retinha forma e memória pra sempre se dirigia. Gostava de olhar as árvores, sim, as árvores e as folhas imaginando suas raízes, imaginando os nutrientes de uma cidade submersa à cidade da gente, cidade provedora da forma dos galhos e das folhas alimentando gente outra, com sombras e frutos e

Também pensava no concreto, esse chão de pedra, forma de pensamento humano achado melhor substituto para terra., que fica úmida e vacilante, concreto também fica úmido mas úmido uma vez só, dava pra tolerar tamanha fluidez. Achava os cachorros estranhos. Coleiras são razão pro andar sem rumo na cidade dos automóveis, pensava e pensava e latia alto porque sim, por que não? Poluem os rios, mas têm lagos em praças. Poluídos e seus.

Alguém olha debaixo dos ralos da cidade? Certa vez conheceu uma senhora que havia perdido seu livro para um bueiro faminto. Tentaram o resgate sem êxito. Comprou outro na livraria próxima, a senhora, que nunca tinha reparado na onipresença do texto escrito: está aqui, na cabeça, agora também no bueiro também na senhora. Que coisa.

Às vezes recebia telefonema da mulher chamada de sua. Era ciumenta, gorda e ciumenta, e não entendia que os olhos não são de ninguém porque piscam e piscam e porque mesmo que fossem ainda lhes falta a luz, falta luz, disse.

Falta grama na cidade; certamente têm medo de grama. É verde e cresce sem seguir lógica do concreto, grama assusta pois faz o que quer, fluida quando regam. Falta grama na cidade.

Acontece que nesse dia fez sinal e pegou o primeiro ônibus que passou. Não sabia onde parar então esperou o impossível: ponto final. Era em Guadalupe, nome de santa veja só, e resolveu ser tempo de cerveja gelada, gelada e skol, pediu logo duas. Bebendo esquecia não ter ideia e desperdiçava tempo olhando, olhando, olhando, olhando. O que? O mundo, ora, que mais tem pra olhar? Encarava o real como cético, amante e ódio, ciência, portanto, não esperava resposta. Esperava silêncio, isso conseguia. Sempre estava certo.

Não tinha ideia nem jeito, por isso não sofria. Só penso pensado, dizia, e vejo o visto, rezava. Deus era mulher, com certeza. O mundo tem um inegável toque feminino.

Não tinha jeito nome ideia forma; se perguntasse, não tinha si mesmo, visão, reflexo de espelho. Evocava baixo palavras sujas. Atirava sementes em terra seca. Fincava os dentes com força na maçã.

Não tinha jeito nem palavra nem ideia

16.12.14

Participação especial



Mari Guerra


Sentir saudade sua é ter a música do Marcelo Camelo tocando repetidamente no meu ouvido, na minha mente. Se sentir completamente entendida pela melodia que se arrasta por minutos, o violão faz o barulho que a sua saudade triste e cansada têm. Aceitar o fato que a música tem poucas palavras demais só porque se você dissesse também sobre sua saudade não conseguiria dizer mais que a música.Te desejar é querer ser o perfume da sua pele. Querer que meus dedos fiquem pra sempre dentro desse cafuné que eu faço em você. Querer você é achar alguém na rua parecido e desejar que fosse você, te querer é querer te ver toda hora e fingir surpresa se assim fosse. Não estaria surpresa, sim satisfeita. Andar contigo é ter a vida de um recém nascido que não tem nada pra se preocupar. Pegar sua mão na hora de atravessar a rua por impulso, é a vontade descontrolada de cuidar de você. Ficar excessivamente distraída porque a minha atenção toda está em você, na sua voz, na sua boca, no seu pescoço e em todos os outros lugares do seu corpo em que a minha boca poderia estar beijando. Esperaria na fila do banco o dia inteiro só pra te ver sorrir, dançaria três baladas seguidas só pra no seu seio descansar, morreria de amor só por te amar, se fosse difícil lutaria pra ter todos os seus sim, se fosse fácil procuraria desafios para alimentar o interesse. Seu batom vermelho me deu um tiro na alma, teu cabelo castanho machucou meu ego, seu signo completou com o meu e seu jeito me cativou. Quando sua voz fica suave e você nem nota, quando você é você demais e nem sabe que é perfeita, quando você não consegue explicar o que quer, eu entendo. Quando a minha curiosidade sobre você não sossega. A sua falta de atitude e a forma que você deixa clara que eu posso tomar todas elas. O teu nome que você não gosta, mas sempre foi o meu preferido até antes de te conhecer. Aquilo tudo que faz sentido; Nós. - O nome da música é Saudade.