17.4.15

Carta a um velho amor

 Campos, 17 de abril de 2015.

Os dias passam, as horas passam, o sorvete de chocolate passa e o amor também passa. As pessoas não deveriam se sentir tão mal com essas coisas. Quem é que ainda não se deu conta que nada é pra sempre? Pra outras histórias nascerem, algumas tem que morrer. E a gente morreu.

Acho que assim como as estrelas, morremos bem antes das nossas luzes apagarem. Éramos só nós em um espaço escuro e silencioso. E hoje, depois de tanto tempo depois da nossa morte, te enterrei. Te joguei fora.

Joguei fora a nossa caixinha de lembranças. O primeiro buquê, o primeiro presente, a primeira aliança, o guardanapo amassado escrito palavras de amor que você me deu. Joguei fora. Joguei você fora.

Assim como as estrelas, você morreu e sua luz já parou de me iluminar há muito tempo. Confesso, fiquei um tempo em órbita, só vivendo no espaço e tentando, por muito tempo - e sem sucesso, entender a nossa morte.

Tudo bem, nem tudo na vida tem explicação. Não dá pra querer entender tudo.

Estou de novo brilhando com outra estrela. Só que dessa vez, nós somos o sol.

Passe bem.