27.11.14

importa?

lá eu não tinha
antr opolo
               gia mé
                        todo d
                                isc
                                    i pl in a

não houve registro
traço
fontedetempo
perdido


nãohásequer

singelalembrançad'espaço,
















sem criação
não foi nada
nunca houve
nem
será












não escrevi aqui,
nunca estive lá


23.11.14




Existe esse pseudo banco de concreto em frente a mercearia aqui perto de casa. Gosto de colocar um vestido bonito, algum rímel e pentear os cabelos antes de passar lá. Geralmente observo: sempre vazia. Então acendo um cigarro, sento no cimento gelado. Em paz. Sinto tanta quietude no meio da cidade vazia.. Há quem retome suas forças na floresta, nos campos, com os animais. Tudo que é vivo sempre me trouxe melancolia. Já o cimento, os carros, o barulho mecânico da cidade ao fundo, isso funciona pra mim. É bom imaginar uma cidade-fantasma, um eu-fantasma. Virando escultura de concreto da paisagem: fumando de pernas cruzadas, um brinco de pena. Sou minha própria atração.



De-va-gar. Di-va-gar. Bem devagarinho antes de voar.

22.11.14

- Era lindo.

Expandia-se a pupila e o olhar hipnotizado:

- Eu o vi

Inclinei a cabeça na certeza de que seria possível:

 -Não, não é loucura ir.

Dialogava instantaneamente comigo mesma e tudo começara a fazer absurdo sentido. Caminhei apressada, horas até corria, tudo transbordada em sentido, escorria em sentido, doía em sentido:

- Eu entendi

Ofegante falei dias sem parar sobre todas as coisas que me cabia alcançar. E as que não  alcancei de primeira, expandia-se a pupila e o olhar hipnotizado, então eu tornava a ver e tudo fazia sentido outra vez.

- Vamos! Precisamos ir. (disse a todos)

A miragem em tempos secos ficava mais clara. Eu era ela. Mas ainda era humana e como todo humano vivo, fisicamente, não pode ser duas coisas. Perdi a habilidade de ser clara em palavras. Como explicar? Como falar vamos?

Subverti, perdi o fio da meada, tentei explicar outra vez e chorei. Porque estava cansada.

Lancei a carta a sorte. E assim, tornei a caminhar
Para o futuro não reproduzir o passado
Para a gente conseguir dormir pro outro lado
Para o por vir ser assim diferente 
A gente tem que fechar as portas daquilo que não produz nada de novo

é abandonar o querido museu cheio de rugas
é matar em nós toda a raiz seca que nos segura pela cintura. 
é acenar com um lenço e com os olhos, 
é sorrir já de longe cheia de lagrimas. 

Espero que você me alcance lá na frente na estrada.
Na próxima vez te falarei um novo conto, uma história bem diferente da canção melancólica de todos os dias. Haverá muito sol e mar, como todos aqueles arranha céus que tocam as nuvens.

Eu te darei um sorriso novo. Cheio de paixão nova que eu estou buscando, eu serei aquela mulher que eu sempre quis, totalmente louca e lúcida em mim.
Isso não deveria ser um adeus,
Mas é.