22.9.14

Saudade


A saudade é uma doença crônica, volta e meia dispara a doer e machucar. Hoje foi um desses dias de crise, de saudade, de vontade de voltar a viver uma época que virou passado. Quando estamos no hoje, nem paramos pra pensar que daqui a pouco isso virará ontem, e é por essa falta de percepção que dói tanto lembrar do passado. 

Dói lembrar dos sucos de laranja espremidos na hora do almoço, dos cochilos nas tardes quentes de verão, da minha insistência em cortar o seu cabelo sem nunca ter pegado numa tesoura, do cheirinho de amaciante que eu sempre colocava nas suas camisas, do cheiro do seu corpo, do seu nariz, de você. E eu me pergunto onde é que eu tava quando o nosso mundo começou a cair, porque eu só percebi o desastre depois que tudo já estava morto. 


Não culpo você, embora você aos poucos abrisse a porta e sem perceber, destrancava o portão para que eu fosse embora. Não me culpo também. Eu precisava ir, conhecer o mundo, pessoas, coisas e me conhecer. 


Talvez tudo aconteceu exatamente no tempo certo - ou isso tudo não passou de uma teimosia nossa contra os fatos que a vida colocava - ou os caminhos que ela mandava a gente seguir. Sempre foi muito a nossa cara ir contra o mundo. Eu só queria que você soubesse que quando penso em felicidade, ainda é você que me vem a cabeça.

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