Manhã
"- fico feliz com a mensagem dela, a ideia dela me faz feliz porque me joga no lugar que eu queria estar, feliz, ali, apaixonadinha
"- fico feliz com a mensagem dela, a ideia dela me faz feliz porque me joga no lugar que eu queria estar, feliz, ali, apaixonadinha
- Acho que a gente só precisa ser honesto
-Honestidade demais assusta.
- Por que?
- As pessoas têm medo, acham que você ta surtando
- Mas você não ta surtando, não ta surtando, só ta intenso, e ai você sente, sente e vê que saiu, agora já foi... você ta preso à sua intensidade"
- Não... Não... Nãoooo, Até poderia ser essa. Pensava enquanto olhava as pessoas passarem em direção a saída do metrô.
Apesar de ser inverno não fazia frio nem calor, uma noite agradável na capital carioca. Essa era a primeira vez que iríamos nos encontrar dessa maneira. É interessante conhecer no virtual pessoas que convivemos no dia-a-dia, entender como se expressam, sozinhas com seus pensamentos, a escrita única, se torna fácil de ser reconhecida. Mais interessante ainda é ver o virtual que se transforma em real. E ai surge uma nova percepção sobre a mesma pessoa; o cheiro, o tom da voz, o ângulo que nenhuma fotografia captou, o modo de andar, de se projetar nas ruas, entre os carros, sua pele. Sentei em um banquinho verde da praça e esperei
[a menina do Tinder]
Alguém acenou a distância, me levantei e andei ao seu encontro.
-Oiii?
-Olá! Respondia abraçando-a
- Vamos em direção a Lapa?
- Sim, vamos.
Não a reconhecia, mas sabia que era ela. Diminuí os passos um tom antes, deixando-a um pouco à frente. Observei o cabelo, o modo como o penteou, seus ombros largos. Interessante, pensei. Ela deu uma meia parada e olhou para o lado, para ver se ainda andávamos juntas. Me apressei e puxei um assunto qualquer. Caminhamos alguns quarteirões enquanto decidíamos qual bar agradaria as duas.
Estranhos sentimentos atravessavam zombeiros a minha entediante autoconfiança - o que será que está pensando de mim? - Eu era tão forte e tão fraca, assustada e certa, consciente de tudo a minha volta, sóbria embriagada, sem graça, mas a fazia rir. Falei compulsivamente e me culpei por falar de mais.
- Desculpa, não lembro o que estava falando... Humm, é, me perdi, enfim, você deve ta me achando meio louca
-E você tem um superego meio estranho! Ela disse.
Perdi minhas habilidades de julgamento, não sabia identificar sarcasmo, ironia, afeição, nem uma inocente pergunta e me armei.
- Olha, eu to insegura e não tenho medo de te dizer isso.
Tudo parecia um erro adolescente. Pedimos a conta, andamos até o ponto, nos despedimos e eu acenei pra ela de dentro do ônibus. Trocamos mais algumas mensagens e sua figura física adaptava-se a sua imagem no virtual. Eu já a reconhecia na escrita solitária, escorregando seu dedo na tela de vidro do celular, a reconhecia nas ruas, no jeito único de caminhar. Próxima e distante.
Não sei quanto tempo faz, não importa. O passado é lembrança esfumaçada que me orienta no mundo e ajuda a me construir .
O presente as vezes parece uma prisão, ausente de tempo, só se é aqui, agora, pra sempre. O sol vem e nem percebemos o dia mudar. Sento analisando as cores no céu, do azul escuro para o claro, noite e dia. E eu que sou facilmente entretida, vago, vejo, ouço, converso, revivo, tantas outras coisas, ausente de tempo, só se é aqui, agora.
As vezes ainda penso nela.
Apesar de ser inverno não fazia frio nem calor, uma noite agradável na capital carioca. Essa era a primeira vez que iríamos nos encontrar dessa maneira. É interessante conhecer no virtual pessoas que convivemos no dia-a-dia, entender como se expressam, sozinhas com seus pensamentos, a escrita única, se torna fácil de ser reconhecida. Mais interessante ainda é ver o virtual que se transforma em real. E ai surge uma nova percepção sobre a mesma pessoa; o cheiro, o tom da voz, o ângulo que nenhuma fotografia captou, o modo de andar, de se projetar nas ruas, entre os carros, sua pele. Sentei em um banquinho verde da praça e esperei
[a menina do Tinder]
Alguém acenou a distância, me levantei e andei ao seu encontro.
-Oiii?
-Olá! Respondia abraçando-a
- Vamos em direção a Lapa?
- Sim, vamos.
Não a reconhecia, mas sabia que era ela. Diminuí os passos um tom antes, deixando-a um pouco à frente. Observei o cabelo, o modo como o penteou, seus ombros largos. Interessante, pensei. Ela deu uma meia parada e olhou para o lado, para ver se ainda andávamos juntas. Me apressei e puxei um assunto qualquer. Caminhamos alguns quarteirões enquanto decidíamos qual bar agradaria as duas.
Estranhos sentimentos atravessavam zombeiros a minha entediante autoconfiança - o que será que está pensando de mim? - Eu era tão forte e tão fraca, assustada e certa, consciente de tudo a minha volta, sóbria embriagada, sem graça, mas a fazia rir. Falei compulsivamente e me culpei por falar de mais.
- Desculpa, não lembro o que estava falando... Humm, é, me perdi, enfim, você deve ta me achando meio louca
-E você tem um superego meio estranho! Ela disse.
Perdi minhas habilidades de julgamento, não sabia identificar sarcasmo, ironia, afeição, nem uma inocente pergunta e me armei.
- Olha, eu to insegura e não tenho medo de te dizer isso.
Tudo parecia um erro adolescente. Pedimos a conta, andamos até o ponto, nos despedimos e eu acenei pra ela de dentro do ônibus. Trocamos mais algumas mensagens e sua figura física adaptava-se a sua imagem no virtual. Eu já a reconhecia na escrita solitária, escorregando seu dedo na tela de vidro do celular, a reconhecia nas ruas, no jeito único de caminhar. Próxima e distante.
Não sei quanto tempo faz, não importa. O passado é lembrança esfumaçada que me orienta no mundo e ajuda a me construir .
O presente as vezes parece uma prisão, ausente de tempo, só se é aqui, agora, pra sempre. O sol vem e nem percebemos o dia mudar. Sento analisando as cores no céu, do azul escuro para o claro, noite e dia. E eu que sou facilmente entretida, vago, vejo, ouço, converso, revivo, tantas outras coisas, ausente de tempo, só se é aqui, agora.
As vezes ainda penso nela.
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