23.1.16

Garota tóxica

Pegou o maço de cigarros na prateleira do quarto, foi até a janela e o ascendeu.

A sensação era imediata, calma, leveza, saciação  anestesiante.Os pássaros pousavam na janela do vizinho do prédio da frente, observava as outras janelas: uma senhora cozinhava feijão, um homem estendia a roupa, janelas fechadas, entre abertas, apartamento vazias. Observava a vida seguir o cotidiano, esse era o seu segundo, de relaxar, de observar, de sentir, de saciar-se. Apagou o cigarro e fingiu esquecer que um dia o fumou. 

Alguns dias passaram, ela entrou no quarto em uma mistura de tédio e desespero. Procurou na prateleira seus cigarros, o evocou porque precisava sentir, precisava sentir outra vez. O cigarro pegou a garota, ateou fogo, ela era tóxica. Foi até a janela e tossiu, socou o peito, abandou-a no cinzeiro  e fingiu esquecer que um dia a fumou




Nenhum comentário:

Postar um comentário