Sem sombra de dúvidas são
análises de um ponto de vista muito especifico.
O ponto ou o lugar de quem o observa.
O que tenho de empírico – mais concretamente possível – além da minha própria maneira
de entender o mundo? Como posso eu dizer tão incisivamente quem es, sem que
isso ponha-se a prova de quem realmente es?
De que lugar te falo? Falo de
dentro, minhas sensações, traumas, felicidades, aventuras, inúmeros traços,
conjunto de pedaços de histórias que se confugiram em um arranjo doido de uma
vida incrível. Na minha cientificidade de fatos míopes, que tem seu ponto de
origem no “uma vez vi”, “uma vez senti”, “uma vez vivi” situações muito
semelhantes, cujo resultado, prazer, Karine Maia. Criamos esse conjunto de
regras próprias bem estruturadas dentre de nós por uma simples resposta: ninguém
quer sentir dor.
Lembro do primeiro dedo enfiado
na tomada, por mais que as advertências dissessem “-não mexa ai” e o choque
correndo pelo meu braço em uma dor estapafúrdia, a cor da tomada, a temperatura
do ambiente, o dia ensolarado, a casa, o cheiro de domingo, meus pais correndo
pra me ajudar, também fazem parte das lembranças de quando entendi o significado
de eletricidade. É impossível pensar nessa dor única sem reviver todas essas estruturas, parte do aprendizado sobre o fato. Ai eu amei pela primeira vez e o olhar dele
de “não” se ligava a uma forma única que ele também aprendeu sobre algumas advertências: um beijo mal dado, uma garota que chorou, um pai enfurecido, eu ali absorvendo
e me estruturando também, agora essa expressão única de “não te quero”, que
nasce de formas que eu jamais entenderei, passa a ser uma expressão que sei ler
perfeitamente, mesmo sem saber o que é plenamente.
Quais são suas estruturas? Eu não
sei. Talvez nem você mesma saiba e a forma de ignorar, amar, simpatizar, inúmeras
inumares, seja a mesma forma que aprendeu de alguém que aprendeu de alguém nesse
jogo infinito de relações que agora é parte de você.
Homossexualidade, bissexualidade, o que isso
significa além da minha imensa vontade de querer você? O que isso significa além
da sua manifestação de também me querer? Somos efeitos colaterais de todos esses
choques, amores, amar, um desejo tão louco, insuportavelmente bom, desde os primórdios
dos primórdios. Mas alguém - em algum ponto da história - disse “-não pode
acontecer”, talvez uma reação da reação, da expressão de querer alguém que
queria alguém que nunca poderia ter, agora a cá estou evocando todos os meus ancestrais
mortos: - me deixe ser livre, a mulher e a outra mulher em um desejo multou e insuportavelmente
bom.
Algumas
pessoas tem uma facilidade cognitiva de absorver os “não”, mas, acredite, não
conheço uma só pessoa, por mais obediente e cuidadoso que seja, que nunca tenha
tomado um choque. Essas coisas acontecem. A moça atravessa a rua e viu o cara, o
mais magnifico dos caras que pensou nunca poder querer, a moça liga o rádio e ouve uma mulher cantar, o moço
da banca de sorvete vê o moço que compra o sorvete, a aleatória age como sempre
agiu, desejos que nascem e crescem e todos os “-naos” são postos a prova.
p.s.: texto inacabado
p.s.: texto inacabado
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