23.1.16

Análises


Sem sombra de dúvidas são análises de um ponto de vista muito especifico.

O ponto ou o lugar de quem o observa. O que tenho de empírico – mais concretamente possível – além da minha própria maneira de entender o mundo? Como posso eu dizer tão incisivamente quem es, sem que isso ponha-se a prova de quem realmente es?

De que lugar te falo? Falo de dentro, minhas sensações, traumas, felicidades, aventuras, inúmeros traços, conjunto de pedaços de histórias que se confugiram em um arranjo doido de uma vida incrível. Na minha cientificidade de fatos míopes, que tem seu ponto de origem no “uma vez vi”, “uma vez senti”, “uma vez vivi” situações muito semelhantes, cujo resultado, prazer, Karine Maia. Criamos esse conjunto de regras próprias bem estruturadas dentre de nós por uma simples resposta: ninguém quer sentir dor.

Lembro do primeiro dedo enfiado na tomada, por mais que as advertências dissessem “-não mexa ai” e o choque correndo pelo meu braço em uma dor estapafúrdia, a cor da tomada, a temperatura do ambiente, o dia ensolarado, a casa, o cheiro de domingo, meus pais correndo pra me ajudar, também fazem parte das lembranças de quando entendi o significado de eletricidade. É impossível pensar nessa dor única sem reviver todas essas estruturas, parte do aprendizado sobre o fato. Ai eu amei pela primeira vez e o olhar dele de “não” se ligava a uma forma única que ele também aprendeu sobre algumas advertências: um beijo mal dado, uma garota que chorou, um pai enfurecido, eu ali absorvendo e me estruturando também, agora essa expressão única de “não te quero”, que nasce de formas que eu jamais entenderei, passa a ser uma expressão que sei ler perfeitamente, mesmo sem saber o que é plenamente.

Quais são suas estruturas? Eu não sei. Talvez nem você mesma saiba e a forma de ignorar, amar, simpatizar, inúmeras inumares, seja a mesma forma que aprendeu de alguém que aprendeu de alguém nesse jogo infinito de relações que agora é parte de você.

   Homossexualidade, bissexualidade, o que isso significa além da minha imensa vontade de querer você? O que isso significa além da sua manifestação de também me querer? Somos efeitos colaterais de todos esses choques, amores, amar, um desejo tão louco, insuportavelmente bom, desde os primórdios dos primórdios. Mas alguém - em algum ponto da história - disse “-não pode acontecer”, talvez uma reação da reação, da expressão de querer alguém que queria alguém que nunca poderia ter, agora a cá estou evocando todos os meus ancestrais mortos: - me deixe ser livre, a mulher e a outra mulher em um desejo multou e insuportavelmente bom.      


Algumas pessoas tem uma facilidade cognitiva de absorver os “não”, mas, acredite, não conheço uma só pessoa, por mais obediente e cuidadoso que seja, que nunca tenha tomado um choque. Essas coisas acontecem. A moça atravessa a rua e viu o cara, o mais magnifico dos caras que pensou nunca poder querer, a moça liga o rádio e ouve uma mulher cantar, o moço da banca de sorvete vê o moço que compra o sorvete, a aleatória age como sempre agiu, desejos que nascem e crescem e todos os “-naos” são postos a prova.  

p.s.: texto inacabado 

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